Há cerca de um ano, a Warner Bros. levou aos cinemas de todo o mundo um filme de terror que tratava de algumas situações inusitadas dos famosos investigadores de casos paranormais conhecidos como "Os Warrens".
No longa-metragem intitulado Invocação do Mal, acompanhávamos o casal Ed e Lorraine Warren investigando um mistério em especial, mas também dávamos de cara com a coleção sinistra de relíquias que os dois coletaram ao longo dos anos.
Um dos tantos objetos peculiares era nada menos do que uma boneca medonha chamada Annabelle, que, conforme eles mencionavam, ficava trancada para evitar a morte de mais pessoas.
A ideia sugerida lá era apenas superficial, já que não cabia entrar em detalhes que não eram pertinentes à trama. Então, a produtora do filme viu a oportunidade de ampliar esse universo criando uma obra para contar a história da boneca em detalhes.
O filme que estreia hoje (9 de outubro), nos cinemas brasileiros, conta justamente como Annabelle virou uma lenda, começando lá nos primeiros casos. A ideia é boa, mas será que temos aqui um terror no mesmo nível do filme antecessor? Vamos falar sobre isso e um pouco mais nesta crítica.
Como de costume, vale a pausa para dizer que esta crítica contém spoilers, então não vá adiante se você não quer saber de detalhes relevantes sobre a trama.
Conheça Annabelle
É interessante que a Warner trabalhou a divulgação deste filme sem liberar quaisquer informações sobre a trama. Tudo que sabíamos até agora era que se tratava da mesma boneca que conhecemos no ano passado.
Os maiores detalhes da história foram mostrados apenas em trailers. Isso é bom pra manter o mistério, mas é questionável, já que nem todos acompanham vídeos de divulgação, tampouco vão ao cinema apenas por saber de um projeto anterior que deu origem ao novo.
Pelo que dá pra entender, Annabelle nem sempre foi malvada. Ela teria obtido seus “poderes sobrenaturais” após ser usada durante um procedimento de uma seita ocultista. Até aqui, apenas o clichê. Há muitos filmes com essa pegada de objetos malignos.
A boneca, na verdade, entra em cena durante a história de Mia (Annabelle Wallis) e John (Ward Horton). Pois é, a atriz principal tem o mesmo nome da boneca. Ela está grávida e o marido-médico (que nunca está em casa) resolve dar um presente que ela tanto queria — e, a partir disso, as coisas começam a ficar feias.
Numa noite qualquer, duas pessoas sinistras tentam atacar o casal em sua casa. Após uma série de complicações, Mia fica traumatizada com a situação. Logo, ela percebe que há algo errado, mas não tem certeza se é coisa da cabeça ou se a casa está mal assombrada.
Um pouco mais de criatividade ajudaria
O roteiro segue adicionando novos fatos e revelando aos poucos que a boneca pode ser realmente maligna. Todavia, ele é bem arrastado. Há um bocado de enrolação, repetição de cenas (não exatamente iguais, mas com o mesmo propósito de mostrar a maldade da boneca) e muitos momentos de tensão previsíveis.
Não é fácil criar um filme de terror que seja realmente assustador, afinal, as táticas mais fáceis para incutir o medo já são velhas conhecidas de todos, o que torna a tarefa de susto um tanto mais complicada. O filme tem uma atmosfera sombria e boas ideias para cenários, mas são poucas as cenas que dão medo de verdade (ainda que existam algumas convincentes).
Cenas com o protagonista em primeiro plano e as assombrações no fundo são as mais recorrentes. Aqueles ruídos sinistros que imitam sons distorcidos reproduzidos por violinos, o ranger de correntes e outros sons bizarros mais deixam os ouvidos doloridos (até por conta do volume elevado nas caixas acústicas do cinema) do que assustam.
Não há muitos personagens no filme, mas os atores até que desempenham bem suas tarefas. O destaque fica para a protagonista Mia, que encara bem a situação e passa boa sensação de pânico e drama. Contudo, atuações aceitáveis não são o suficiente para fazer deste um terror de primeira.
A própria Annabelle é medonha. Certamente se você ficar com ela em uma sala por um bom tempo, começará a sentir um frio na espinha, já que ela foi construída para esse tipo de coisa. É bom ressaltar, contudo, que a boneca original não tem qualquer relação com a versão hollywoodiana.
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